InfoMoney: O plano da Biomm para começar a vender o similar do Ozempic no Brasil
Objetivo da empresa é conciliar a continuidade dos acordos no exterior com o início da produção própria
Fazia tempo que as ações da Biomm, única empresa de medicamentos biotecnológicos listada na Bolsa brasileira, não subiam tanto. Esta semana, BIOM3 chegou a disparar mais de 40% em um único dia. O papel foi impulsionado pela notícia de que a companhia assinou um acordo com a Biocon, da Índia, para trazer ao Brasil um similar da semaglutida, molécula do Ozempic.
Não podia ser diferente: o medicamento injetável, inicialmente usado no tratamento de diabetes, passou a ser indicado no combate à obesidade e virou uma febre. Só no Brasil, gerou um faturamento de R$ 3,1 bilhões em 2023, com taxa média de crescimento de 39% em dois anos, segundo dados da IQVIA, multinacional especializada em informações na área de saúde.
A Biomm ainda precisa conseguir as aprovações regulatórias para comercializar o similar do Ozempic no país. Pelo acordo, a empresa vai adquirir certas quantidades de medicamento da Biotec e devolver a ela parte de sua rentabilidade. Mas as vendas do similar só devem ocorrer a partir de 2026, quando vence a patente da dinamarquesa Novo Nordisk.
Hoje, a Biomm comercializa quatro medicamentos de empresas estrangeiras. São dois tipos de insulina vindos da China e da Índia, um anticoagulante importado da Itália e um medicamento para câncer de mama produzido na Coreia do Sul. Outros quatro produtos, também de fabricação estrangeira, ainda dependem da aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A semaglutida da Biocon junta-se a esse pipeline.
“Temos uma pluralidade de acordos que facilitam a entrada de novos parceiros”, afirmou Renato Arroyo, diretor financeiro e de relações com investidores da Biomm ao IM Business. O executivo diz que a empresa segue em busca de novos licenciamentos.
As expectativas para a comercialização do similar do Ozempic no Brasil são altas. A empresa diz que ainda não é possível quantificar a redução de preço do medicamento, mas acredita que, independentemente da magnitude do ajuste, há uma grande demanda reprimida a ser destravada.
“Se o preço for 10% mais barato, a demanda aumenta em uma proporção muito maior do que isso”, diz Arroyo. Em uma rápida pesquisa na internet hoje, o injetável não é encontrado por menos de R$ 1 mil.
Produção própria
Em 2023, a Biomm obteve receita operacional líquida consolidada de R$ 118,1 milhões, 13% a mais que a registrada em 2022. O faturamento é 100% proveniente da comercialização de medicamentos dos parceiros internacionais. Mas isso tende a mudar em breve.
O plano da empresa é conciliar a continuidade dos acordos no exterior com o início da produção própria. No próximo dia 26 de abril, a companhia inaugura uma fábrica de insulinas injetáveis em Nova Limeira, no interior de Minas. A planta é resultado de um investimento de R$ 800 milhões e está habilitada a produzir insulina glargina e humana.
“Vamos ter capacidade para atender 80% da necessidade brasileira por insulinas”, afirma Arroyo. Nos próximos meses a unidade fabril dará início à produção do Glargilin, biossimilar da insulina glargina, produzida atualmente pela chinesa Gan & Lee. A Biomm vai internalizar a produção do medicamento mas continuará comprando insumos da empresa parceira.
O executivo explica que a fábrica pode ser facilmente adaptada à produção de outros injetáveis, como vacinas e a própria semaglutida.
Link da Material na integra Pipeline, acesso 22/04: https://www.infomoney.com.br/business/os-planos-da-biomm-para-comecar-a-vender-o-similar-do-ozempic-no-brasil/